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A questão de Timor

Breve resumo sobre a importância de Timor na 2ª GM
Disciplina

História Contemporânea de Portugal (01010674)

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Ano académico: 2023/2024
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Universidade de Coimbra

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A questão de Timor:

A situação da ilha de Timor representou uma grande ameaça à neutralidade portuguesa mantida até

então. A sua localização estratégica no palco da guerra no Atlântico tornava a ilha um local desejado

pelas forças holandesas e australianas para reforço das suas linhas defensivas, assim como pelas

forças nipónicas pelo “furo” que estas mesmas faziam nessa mesma linha e pelos campos de

petróleo nas periferias da ilha.

Timor não dispunha de nenhuma defesa para além de uma fraca companhia que recrutava

localmente. Então a 12 de Dezembro de 1941, 4 dias após o ataque a Pearl Harbor, face a esta

vulnerabilidade, o Reino Unido avisou que as forças australianas e holandesas iriam para a ilha no

caso de uma emergência. O governo português concorda com este acordo. A 16 de Dezembro,

Ronald Campbell, antigo embaixador britânico em Paris e agora em Lisboa avisa o governo

português da presença de um submarino japonês perto de Timor.

Tinha ficado acordado que oficiais australianos e holandeses iriam consultar o governador de Timor

e, em antecipação iriam desembarcar 350 homens holandeses e australianos para ocupar a ilha 2

horas depois desta entrevista

A reação de Salazar é violenta e este ordena o governador a não deixar as tropas desembarcar a não

ser que a ilha fosse atacada pelos japoneses uma vez que senão a neutralidade estava altamente

comprometida e os japoneses poderiam retaliar ocupando Macau por exemplo.

As tropas, no entanto, já tinham desembarcado e Salazar protesta, dizendo que os Aliados violaram

a soberania de Portugal, apesar dos termos iniciais serem ambíguos a respeito de um problema

desta natureza e que uma ocupação sem pedido estava em cima da mesa.

“O que a nós, pequenos e fracos, não é permitido não o é igualmente aos Governos que dirigem os

grandes Impérios - não lhes é permitido”

Esse discurso não foi incluído na série Discursos e notas políticas. Pode ser

consultado no Diário das Sessões ou na imprensa diária.

perder a calma necessária para distinguir os serviços dos agravos.

Anthony Eden, membro do foreign office do Reino Unido, pede desculpas pelas ações dos aliados,

justificando-as, no entanto na pouca preparação das forças portuguesas em Timor dizendo que se

forças portuguesas chegassem para defender Timor, os aliados se retirariam. Salazar, apesar de

continuar ressentido com esta atitude por parte dos Aliados, aceita esses novos termos.

Acontece que as tropas japonesas atacaram na noite de 19 para 20 de Fevereiro, antes dos reforços

conseguirem chegar.

As tropas que haviam sido de Moçambique foram desviadas para o Ceilão e nunca chegaram a

desembarcar em Timor, o que do ponto de vista da neutralidade até foi o melhor cenário, na medida

em que não tiveram de lidar com uma possível recusa das tropas aliadas desocuparem Timor ou de

pôr à prova as pretensões nipónicas sobre a ilha.

O embaixador japonês justifica que era necessário expulsar as tropas estrangeiras. A partir daí,

Timor ficou sob domínio nipónico, estando esta ocupação mascarada de legítima defesa. Estes

conseguem encurralar as tropas holandesas e australianas na montanha, de onde tentam empregar

táticas de guerrilha. O domínio de Timor só voltaria para Portugal no final da guerra.

Após os acordos feitos para a concessão de facilidades aos americanos nas ilhas dos Açores, estes

começam a participar ativamente numa campanha de expulsão dos japoneses da ilha e, a 17 de

Agosto de 1945, os japoneses anunciam o seu abandono da ilha de Timor e devolvem a

administração e todos os poderes ao governador português.

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A situação da ilha de Timor representou uma grande ameaça à neutralidade portuguesa mantida até
então. A sua localização estratégica no palco da guerra no Atlântico tornava a ilha um local desejado
pelas forças holandesas e australianas para reforço das suas linhas defensivas, assim como pelas
forças nipónicas pelo “furo” que estas mesmas faziam nessa mesma linha e pelos campos de
petróleo nas periferias da ilha.
Timor não dispunha de nenhuma defesa para além de uma fraca companhia que recrutava
localmente. Então a 12 de Dezembro de 1941, 4 dias após o ataque a Pearl Harbor, face a esta
vulnerabilidade, o Reino Unido avisou que as forças australianas e holandesas iriam para a ilha no
caso de uma emergência. O governo português concorda com este acordo. A 16 de Dezembro,
Ronald Campbell, antigo embaixador britânico em Paris e agora em Lisboa avisa o governo
português da presença de um submarino japonês perto de Timor.
Tinha ficado acordado que oficiais australianos e holandeses iriam consultar o governador de Timor
e, em antecipação iriam desembarcar 350 homens holandeses e australianos para ocupar a ilha 2
horas depois desta entrevista
A reação de Salazar é violenta e este ordena o governador a não deixar as tropas desembarcar a não
ser que a ilha fosse atacada pelos japoneses uma vez que senão a neutralidade estava altamente
comprometida e os japoneses poderiam retaliar ocupando Macau por exemplo.
As tropas, no entanto, já tinham desembarcado e Salazar protesta, dizendo que os Aliados violaram
a soberania de Portugal, apesar dos termos iniciais serem ambíguos a respeito de um problema
desta natureza e que uma ocupação sem pedido estava em cima da mesa.
“O que a nós, pequenos e fracos, não é permitido não o é igualmente aos Governos que dirigem os
grandes Impérios - não lhes é permitido”
Esse discurso não foi incluído na série Discursos e notas políticas. Pode ser
consultado no Diário das Sessões ou na imprensa diária.
perder a calma necessária para distinguir os serviços dos agravos.
Anthony Eden, membro do foreign office do Reino Unido, pede desculpas pelas ações dos aliados,
justificando-as, no entanto na pouca preparação das forças portuguesas em Timor dizendo que se
forças portuguesas chegassem para defender Timor, os aliados se retirariam. Salazar, apesar de
continuar ressentido com esta atitude por parte dos Aliados, aceita esses novos termos.
Acontece que as tropas japonesas atacaram na noite de 19 para 20 de Fevereiro, antes dos reforços
conseguirem chegar.
As tropas que haviam sido de Moçambique foram desviadas para o Ceilão e nunca chegaram a
desembarcar em Timor, o que do ponto de vista da neutralidade até foi o melhor cenário, na medida
em que não tiveram de lidar com uma possível recusa das tropas aliadas desocuparem Timor ou de
pôr à prova as pretensões nipónicas sobre a ilha.
O embaixador japonês justifica que era necessário expulsar as tropas estrangeiras. A partir daí,
Timor ficou sob domínio nipónico, estando esta ocupação mascarada de legítima defesa. Estes
conseguem encurralar as tropas holandesas e australianas na montanha, de onde tentam empregar
táticas de guerrilha. O domínio de Timor só voltaria para Portugal no final da guerra.